sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Poems


De bruços me debruço mais ainda
até sentir os olhos tumefactos
para saber até que ponto é linda
a intrigante cor desses sapatos

que às tuas pernas dão um brilho tal
e uma leveza tal ao teu andar
que eu penso (embora aches anormal)
que nunca te devias descalçar.

Também porquê, se já não há verdura
nem tu és Leonor para correr
descalça, no poema, à aventura?

O mais difícil, hoje, é antever
quem é que vai à fonte em literatura
e que água dá aos versos a beber.


Joaquim Pessoa, 1948

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